terça-feira, 12 de março de 2024

Você sabe o que faz um projecionista?



Fotos: Cido Marques/SMCS.

Publicado originalmente no site BANDAB, em 07 de março de 2024

Você sabe o que faz um projecionista? Conheça uma das únicas mulheres que atuam na área em Curitiba

Ela é a primeira mulher do cinema de rua mais amado da capital a ocupar o cargo de projecionista

Por Redação 

Você já parou para pensar como funciona por trás das telonas do cinema? Como é exibido o filme e qual o controle de qualidade que é necessário ter para que tudo saia como o planejado? No Cine Passeio, em Curitiba, uma das poucas mulheres à frente dessa área, que sempre está nos bastidores, é Vanessa Borges de Lima. Ela é a primeira mulher do cinema de rua mais amado da capital a ocupar o cargo de projecionista. 

A curitibana, de 42 anos, é uma das poucas mulheres na cidade que comandam cabines de projeção nas salas de cinema, uma função historicamente realizada por homens. Apesar da predominância masculina na área, Vanessa não hesitou quando apareceu a oportunidade de trabalhar nesta função no Cine Passeio. 

“Desde a época das locadoras eu já era louca por filmes e quando apareceu essa oportunidade de entrar no ramo eu caí de cabeça, com medo, mas fui” comentou Vanessa.

Antes de chegar às cabines, a projecionista já havia começado a trilhar seu sonho de trabalhar com filmes no andar de baixo, abrindo as portas para receber o público que entra nas salas do Cine Passeio. A possibilidade de trabalhar com projeção surgiu depois de dois anos como funcionária do Cine Passeio. Sua determinação, bom humor e coragem para mergulhar em uma área até então desconhecida foram decisivos para ser contratada. 

Neste ano, Vanessa completa um ano na nova carreira e comenta com muita alegria todas as atividades que realiza para entregar a melhor qualidade de filmes para o público.

“Para os apaixonados, os mínimos detalhes fazem diferença, por isso sempre deixamos tudo cem por cento bonitinho, preparamos o filme que chega em um HD, conferimos a legenda, o volume, a imagem” conta. 

Além de Vanessa, outros dois projecionistas também trabalham no Cine Passeio e juntos eles passam às próximas gerações os conhecimentos da arte de projetar nas telonas, profissão que não possui curso de formação. A projecionista diz ter orgulho de fazer parte dessa categoria profissional.

“Não entrei aqui para bater de frente com ninguém, apenas quero meu espaço e mostrar que sou capaz, sendo mulher ou não. Meu próximo sonho é estar por trás das câmeras de verdade, vamos ver até onde eu consigo chegar” declara.  

 Texto e imagens reproduzidos do site: www bandab com br

domingo, 10 de março de 2024

domingo, 3 de março de 2024

Documentário > 'O Homem da Cabine' (2008)

Publicação compartilhada do site APOSTILA DE CINEMA

Sinopse: Entre o claro e o escuro das salas de projeção, existe um profissional pouco conhecido da platéia de cinema: o projecionista. A partir do microcosmo de uma sala de projeção, o documentário faz um registro da rotina desses trabalhadores, que possuem uma longa e solitária jornada de trabalho.

Direção: Cristiano Burlan

Título Original: O Homem da Cabine (2008)

Gênero: Documentário

Duração: 1h 30min

País: Brasil

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O Artista Invisível

“O Homem da Cabine“, parte da programação da Mostra Cinemas do Brasil, surge para lembrar que o tempo é inapelável com aqueles que entendem os movimentos da sociedade em direção a uma mudança lenta e gradual. Talvez por isso, há muito, o conceito de conservadorismo se vinculou de forma quase nociva a outras correntes de pensamento que veem a arte como inimiga. Porém, antes de tomar outros rumos, vamos seguir a proposta pelo cineasta Cristiano Burlan em sua obra, lançada originalmente em 2008.

O documentário traz um grupo de depoimentos de projecionistas da cidade de São Paulo. De formatação tradicional e optando por ser um longa-metragem, não há aqui uma busca por dinamismos ou maneirismos – e sim o puro registro de histórias. A pluralidade de documentados garante um ritmo agradável ao filme. Uma multiplicidade de gerações e origens se encontram. Do homem de meia-idade que migra de Alagoas para o Sudeste e encontra no cinema uma oportunidade de emprego formal até o senhor que não esconde que seguiu a profissão para transportar o amor pela sétima arte para sua rotina.

O que chama a atenção, entretanto, é que o cineasta se encontra em um momento único na trajetória das salas de cinema do país. O espaço dos exibidores de rua, fora de shoppings e centro comerciais, há muito estava decadente. Ocorre que a sentença final estava prestes a chegar, com a digitalização das projeções. “O Homem da Cabine” chega em uma fase transitória, em que rolos de filme em 35mm dividiam espaço com os arquivos. Uma tecnologia ainda em desenvolvimento, que trazia alguns problemas que – rapidamente – foram solucionados. Muitas salas não resistiriam à necessidade de adaptação ao digital e morreriam de vez.

Antes que isso se tornasse verdade, há aqui uma busca pelo futuro da projecionista. É quando a relação com a sociedade, que tanto mudou na década que se seguiu, grita na obra. Apenas um homem, que relutou em aceitar o trabalho como projecionista no cinema gerenciado pelo irmão, chama a atenção para um fato: a precarização da atividade. Vindo do setor industrial, ele mudou de ofício perto dos quarenta anos, já que o trabalho de fábrica seria muito pesado. Ele não diz, mas provavelmente sua consciência se desenvolve da natural associação sindical do setor. Enquanto isso, todos os outros apostam no exercício de futurologia.

Alguns entendiam que encontraríamos um parque exibidor híbrido por mais algumas décadas – o que se mostrou equivocado. O digital pulverizou a película e com ela as condições insalubres de trabalho daqueles profissionais. Burlan concede um tempo para que eles dividam essas questões empregatícias, como a impossibilidade de sair da sala de projeção durante o filme e as extensas jornadas de trabalho no auge das salas de rua, com suas sessões que, nos finais de semana, eram quase ininterruptas. O barulho ensurdecedor e a forte exposição à luz também são apontadas, mas isso é algo que o espectador de “O Homem da Cabine” percebe os reflexos na parte final, quando eles dizem seus nomes e idades.

Todos parecem mais velhos e cansados do que dizem em sua identificação. O documentário nos lembra que, por trás da diversão, há muito trabalho. Se o projecionista hoje é um ofício bem menos penoso (será?), há no ramo da cultura muitas pessoas que insistimos em não enxergar quando estamos em um ambiente que escolhemos para esquecer nossos problemas. Em certo momento, um deles fala da importância da sua função para uma boa experiência na sessão. O controle de volume, as trocas imperceptíveis, a manutenção do foco. De certa maneira, eles também são artistas daquele espetáculo. Porém, invisíveis.

O documentário não é apenas debate social sobre aquele grupo de trabalhadores – mas, que bom, também o é. A montagem é bem generosa com os depoentes e aprofunda em suas relações sentimentais com o cinema. De Ettore Scola a Ingmar Bergman, todos eles têm seus preferidos. Mas, parece que “Gosto de Cereja” (1997) – lançado dez anos antes daquelas entrevistas – pegou alguns de jeito. Talvez porque eles estejam ali se confrontando com a própria morte da ideia que eles carregam e o filme de Burlan é o agente que não tem coragem de dar o tiro de misericórdia.

Como aquele senhor, que veio da fábrica, bem fala: nossa atividade não acabará, pelo contrário, aumentará a exploração. Com a desculpa de que “é só dar o play“, hoje um profissional da área, sem dúvida, deve viver bem mais sobrecarregado do que antes. A precarização do trabalho chegou para todos e o mercado encontra suas desculpas para te convencer de que está tudo bem. O cinema continua apaixonante, mas os jovens projecionistas dificilmente não tratarão seu ofício com o mesmo entusiasmo que os protagonistas de “O Homem da Cabine“. Pouco tempo se passou, mas a sociedade hoje é bem mais fria e individualista – na medida para que essa precarização passe desapercebida por nós.

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* Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

Texto e imagem reproduzidos do site: apostiladecinema com br

Quem é projecionista e o que ele faz?


Artigo compartilhado do site FASHION

Quem é projecionista e o que ele faz?

O clima na sala de cinema e o estado de espírito do público durante a exibição do filme dependem em grande medida da experiência e profissionalismo dos especialistas responsáveis ​​pela operação dos equipamentos de som e audiovisual - os projecionistas. Freqüentemente, os representantes dessa difícil profissão precisam servir sozinhos a vários cinemas ao mesmo tempo. Vamos ver mais de perto quem é o projecionista, o que ele faz, que conhecimentos e habilidades ele deve possuir, quanto ganham os representantes dessa profissão.

Descrição da profissão

Projecionista - um especialista técnico que controla a operacionalidade e o funcionamento ininterrupto do equipamento audiovisual e de som durante a demonstração da imagem na sala de cinema. Um representante desta profissão é responsável não só pelo estado do equipamento cinematográfico, mas também pela qualidade da exibição do filme. Fornecer exibição de filmes de alta qualidade é a principal responsabilidade funcional do projecionista. Em termos simples, este especialista é responsável pelo brilho, contraste e reprodução de cores da imagem, bem como pelo volume e clareza do som na sala.

De facto, todo o trabalho do projeccionista visa garantir que cada espectador sentado na sala de cinema desfrute da imagem, da plenitude das suas cores e da riqueza do som.

Em um esforço para garantir a exibição da mais alta qualidade de filmes, técnicas o especialista é obrigado monitorar simultaneamente o estado do equipamento que lhe foi confiado. Por exemplo, um aumento repentino no volume do som pode levar a um aumento acentuado na pressão do som no cinema.Isso não só causará sentimentos extremamente desconfortáveis ​​para o público, mas também criará sobrecargas críticas na operação de equipamentos acústicos que podem desativá-lo. O trabalho de um projecionista está inextricavelmente ligado com a implementação de um grande número de monótonas funções.

Ao mesmo tempo, não pode ser atribuído a tipos de profissões chatas e rotineiras. Homens que são capazes de multitarefa, são bem versados ​​na tecnologia do cinema moderno e os princípios de seu trabalho costumam vir para o campo desta atividade. As mulheres raramente escolhem esta profissão devido a requisitos bastante rígidos de conhecimento profissional e condições de trabalho específicas.

Deve-se destacar que os mecânicos do cinema são pessoas financeiramente responsáveis. Isto significa que se o desempenho impróprio das funções laborais provocar a avaria do equipamento confiado ao especialista, este terá de indemnizar as perdas do cinema à custa dos seus fundos pessoais. O nível de conhecimentos e habilidades profissionais do projecionista deve permitir-lhe realizar não só a instalação e ajuste do equipamento, mas também a sua reparação. Além disso, em caso de força maior, é frequente o representante da profissão descrita ter de reparar o equipamento de imediato, num período de tempo extremamente curto.

O trabalho de um projecionista requer uma pessoa a presença não apenas de estreito conhecimento profissional, mas também de boa memória, resistência ao estresse, resistência física e moral.

Além disso, a regular modernização dos equipamentos de cinema, o surgimento de equipamentos cada vez mais potentes e de alta tecnologia, exige que um especialista esteja pronto para a melhoria contínua do conhecimento profissional e expansão de horizontes.

História

Antes da era digital, os projecionistas trabalhavam com projetores de filmes volumosos. Seu serviço requer de especialistas não apenas habilidade e reação extremamente rápida, mas também alta resistência física.

Uma das principais tarefas os projecionistas que trabalhavam com esse equipamento iam enchendo o filme em projetores, dos quais havia pelo menos dois em uma sala de cinema. Na era do cinema pré-digital, o filme era armazenado em bobinas grandes e massivas. O peso de um desses porta-aviões poderia chegar a 40 quilos, o que exigia notável força física e resistência dos projecionistas da época. Ao mesmo tempo, um rolo geralmente continha de 300 a 600 metros de filme, o que correspondia a apenas 10 a 20 minutos da duração de um filme.

As funções do projecionista incluíam substituição oportuna de bobinas por filme com a menor pausa entre os episódios do filme. Um sinal da maior habilidade de um especialista era considerado invisível para o espectador, uma transição suave de uma parte do filme para outra. No caso de uma quebra repentina do filme, o técnico tinha que consertar o problema com urgência, restaurando a exibição da imagem em alguns minutos. A profissão de projecionista que trabalha com projetores de filmes exige de uma pessoa não apenas uma força física impressionante, mas também uma saúde excelente. Os representantes dessa complexa profissão, de plantão, muitas vezes tinham que entrar em contato com filmes tratados com compostos químicos especiais que podiam causar reações alérgicas e doenças respiratórias.

Como em nossos dias, na era pré-digital, os projecionistas trabalhavam em turnos. No entanto, a duração de um turno de trabalho de um especialista era de pelo menos 12-14 horas. A maior carga de trabalho dos projecionistas surgiu durante o período de estreia, quando os espectadores eram atraídos para os cinemas em um fluxo interminável.

É importante notar que, apesar de todas as dificuldades específicas de suas atividades, os projecionistas não ganhavam mais do que outros representantes de profissões de colarinho azul.

Os cinemas modernos usam tecnologia de cinema digital. Um projetor de cinema digital demonstra uma imagem não de uma mídia cinematográfica, mas de servidores de vídeo.O dispositivo e o princípio de operação de tal equipamento são radicalmente diferentes dos projetores de filme, portanto, o equipamento de cinema digital é geralmente classificado como uma classe de tecnologia separada e independente. Durante a exibição do filme, o projetor digital recebe informações do servidor de vídeo, que descompacta o filme do disco rígido. Problema do Projecionista - para fornecer reprodução contínua do filme, mantendo imagens e som de alta qualidade.

Com o advento do equipamento digital, a carga de trabalho dos projecionistas que fazem a manutenção do equipamento inteligente caiu significativamente. As tecnologias digitais modernas permitem que um especialista controle e gerencie as exibições em 10-15 cinemas ao mesmo tempo... Além disso, um projecionista moderno executa todas as ações necessárias a partir de uma pequena sala com um servidor de vídeo instalado.

Agências de recrutamento acreditam que as modernas É desejável que o projecionista conheça os princípios de funcionamento não só do equipamento digital, mas também do cinema cinematográfico. Essa exigência se deve em grande parte ao fato de que, após o surgimento nítido das tecnologias digitais no cinema, nem todos os representantes da indústria foram rápidos em abandonar os projetores de filme de alta qualidade. Por exemplo, nos Estados Unidos, cerca de 10% dos cinemas ainda usam esse tipo de equipamento. Na Rússia, o número de salas onde tipos de projetores de filme são usados ​​é muito maior.

Responsabilidades

Descrição do trabalho de projecionista cobre uma ampla gama de responsabilidades, a principal das quais é a exibição de filmes de alta qualidade. Um representante desta profissão se reporta a um engenheiro ou administrador de cinema em seu trabalho. A demonstração de filmes não é a única responsabilidade funcional do projecionista.

Além de realizar esta tarefa, ele também deve realizar o seguinte:

realizar a manutenção regular do equipamento de cinema e seu exame preventivo;

realizar uma verificação abrangente, ajuste, ajuste e reparo de projetores de filme, equipamento de som, equipamento de sincronização, dispositivos de fonte de alimentação;

realizar trabalhos de instalação e substituição de equipamentos de cinema;

efectuar inspecções técnicas e testes de novos tipos de equipamentos de cinema, bem como de equipamentos que tenham sofrido grandes reparações.

Além disso, a função de projecionista prevê o cumprimento estrito dos regulamentos internos e das precauções de segurança. Este especialista também é responsável pelo cumprimento das normas de segurança contra incêndio.

Requisitos

A lista de requisitos para os candidatos ao cargo descrito é desenvolvida pela direção do cinema ou por representantes do departamento de pessoal. Normalmente de candidatos a emprego não é apenas necessário um alto nível de conhecimento e habilidades profissionais, mas também a presença de certas qualidades pessoais.

Qualidades pessoais

Uma das qualidades pessoais importantes que um projecionista deve ter é tolerância ao estresse... O calendário de exibições e estreias de filmes é muito instável e flexível, o que exige que um especialista esteja preparado para horários irregulares de trabalho. Os horários de maior movimento são geralmente nos finais de semana e feriados. Alguns cinemas abrem à noite. As observações mostram que nem todos os candidatos ao cargo de projecionista estão satisfeitos com tal horário de trabalho.

Uma característica específica desta profissão é o que fornece trabalhe em ambientes internos sem luz natural e ar fresco. Por esse motivo, os empregadores muitas vezes exigem que os candidatos estejam pessoalmente preparados para trabalhar em condições restritas e nem sempre confortáveis. O projecionista deve ser profundo pessoa responsável e executiva. Na verdade, não apenas a facilidade de manutenção de equipamentos caros, mas também o humor de várias centenas de pessoas sentadas no corredor depende da qualidade de seu trabalho e profissionalismo.Nesta profissão, a negligência com os deveres e o desrespeito às regras da ordem interna não são permitidos.

Calma e discrição são outras qualidades pessoais importantes que um projecionista deve ter. Mau funcionamento repentino do equipamento, picos de energia - essas e outras circunstâncias de força maior não devem causar pânico em um especialista. Boa memória É uma das vantagens competitivas que muitas vezes torna o candidato o principal candidato ao cargo de projecionista. Nos primeiros dias de trabalho, um especialista terá que enfrentar um fluxo colossal de informações que precisa ser memorizado.

Pode estar relacionado com os princípios e a sequência de operação do equipamento, a localização do equipamento principal e auxiliar e outras nuances específicas. Muitos empregadores acolhem com agrado o interesse genuíno dos candidatos a emprego pela cinematografia e áreas afins da atividade humana. Saber a lista de estreias e novos filmes será uma vantagem adicional para o candidato.

Conhecimento e habilidades

O Profstandard apresenta a seguinte lista de requisitos básicos para o conhecimento profissional e as habilidades de um projecionista:

conhecimento do dispositivo, princípios de operação, ajuste e reparo de projeção de filmes e equipamentos de som;

conhecimento do dispositivo e princípios de operação de um projetor de cinema digital;

conhecimento da estrutura e princípios dos servidores de vídeo;

a capacidade de trabalhar com mídia digital e cinematográfica.

Este especialista deveria ser capaz de carregar dados digitais de forma independente para o servidor de vídeo no formato DCP, bem como carregar e usar chaves eletrônicas para abrir esses arquivos. Ele deve ser capaz de ajustar independentemente a intensidade da luz, som e outras opções do projetor de cinema na ausência de um modo de configuração automático. Projecionista moderno deve ser um usuário de PC confiante que possa trabalhar com mídia de armazenamento digital.

Se necessário, esse especialista deve ser capaz de eliminar de forma independente os erros que surgem ao trabalhar com um servidor de vídeo, um computador e software profissional.

Ensino e perspectivas

Você pode fazer um treinamento e aprender todos os segredos de trabalhar como projecionista em Instituto Estatal Russo de Cinematografia. S. A. Gerasimova (Moscou). A duração do estudo na universidade é de 4 anos. Nas regiões, esta profissão é ensinada em instituições de ensino secundário especializado - colégios e escolas técnicas.

Você pode dominar esta especialidade em especializado cursos... Para ingressar nos cursos, é necessário ter formação técnica de nível médio especializado. Esta profissão proporciona um ligeiro crescimento na carreira. Com o tempo, um projecionista trainee pode se tornar um projecionista sênior. No total, são 3 categorias de trabalho neste ramo de atividade.

O salário

Nos cinemas da capital os projecionistas ganham cerca de 30-40 mil rublos por mês. Em São Petersburgo os salários dos especialistas variam de 25 a 35 mil rublos. Nas regiões os representantes desta profissão ganham de 17 a 20 mil rublos por mês.

Texto e imagens reproduzidos do site fashion-pt decorexpro com

Cinema analógico em 2023: um bom ano para filmar com película

Publicado originalmente no site FILMSPOT, em 31 de dezembro de 2023 

"O Síndrome do Vinagre" por Samuel Andrade

Cinema analógico em 2023: um bom ano para filmar com película

No espaço de um ano, Portugal conheceu 34 estreias de filmes rodados em película. Mas a preferência pelo suporte analógico extravasou o circuito comercial de cinema.

Mais um ciclo de doze meses à volta do Sol, mais uma temporada de debates sobre os prós e contras de fazer cinema em película ou em digital, mas um ano onde não faltaram propostas de filmes rodados em suportes analógicos.

Retomando uma tradição do Síndrome do Vinagre, destacamos os pontos altos das 34 estreias cinematográficas em Portugal - de curta ou longa-metragem - rodadas, inteira ou parcialmente, em película. Uma lista de que fazem parte Damien Chazelle e o seu "Babylon", M. Night Shyamalan com "Batem à Porta", a dupla portuguesa João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata que usou película em 16mm para registar as suas recordações de "Os Verdes Anos", ou o islandês Hlynur Pálmason em "Terra de Deus", entre outros nomes habituados ao suporte analógico como Martin Scorsese, ou Wes Anderson.

A diversidade de cineastas que optam por esta solução inclui nomes mais ou menos notórios e um leque alargado de géneros, orçamentos e origem geográfica. No seu todo sugere a conclusão de que o cinema filmado em película, nos dias que correm, continua a não se cingir a modas de nostalgia estética, caprichos autorais, ou pormenores de produção. O analógico é, pura e simplesmente, mais uma ferramenta à disposição dos realizadores e paralela aos suportes digitais de captação de imagem.

Nesta reflexão, importa sublinhar que 2023 não foi um ano particularmente cimeiro para os grandes formatos analógicos; nesse âmbito, somente "Oppenheimer", rodado em 65mm, foi digno representante de uma prática que, de há uma década a esta parte, tem sido recuperada pelo cinema norte-americano.

Contudo, os impressionantes números de bilheteira de projeções em 70mm do filme de Christopher Nolan, a "ampliação" para este suporte de títulos como "Babylon", ou a curiosa decisão de adaptar filmes digitais, como "Napoleão" e "Rebel Moon: Part One – A Child of Fire", às máquinas de projeção em 70mm, fazem antever, do ponto de vista de cinema analógico, interessantes e otimistas transformações futuras na própria indústria de distribuição cinematográfica.

A jusante da produção cinematográfica, outras áreas de criação audiovisual – e, aqui, nem falamos de contextos sem representação comercial, mas profusos no uso da película, como o cinema experimental ou de curta-metragem – continuam a recorrer a suportes analógicos de rodagem.

Séries de televisão – um produto, diga-se, cada vez mais "cativo" do ambiente digital das plataformas de streaming – como "Swarm" (Amazon Prime), "The Idol" (HBO), "Winning Time: The Rise of the Lakers Dynasty" (HBO), ou o fenómeno de sucesso crítico "Succession", que em 2023 conheceu a última temporada, foram inteiramente registadas em película de 35mm.

Paralelamente, os videoclipes e a publicidade são genuínos viveiros de rodagem analógica (em abono deste argumento, basta consultar as listas de reprodução do canal de YouTube da Kodak, no lado dos clips musicais e comerciais).

No último ano, por exemplo, ficou na memória tanto o plano-sequência, filmado em 16mm com uma câmara Arriflex, que ilustra o tema 'What Was I Made For?', de Billie Eilish, composto para o filme "Barbie", como o facto de a marca de vestuário Nike ter concebido, em Lisboa, um "spot publicitário analógico" para as sapatilhas Air Max 86.

À primeira vista, o panorama revela-se favorável. Só nos próximos dois meses, Portugal contará com as estreias – todas rodadas em 35mm – de "Folhas Caídas" (11 de janeiro), "White Bird: A Wonder Story" (18 de janeiro), "Pobres Criaturas" (25 de janeiro), "Vidas Passadas" (8 de fevereiro) e "The Iron Claw" (22 de fevereiro), às quais se juntarão novos projetos assinados por alguns "indefetíveis da película" como Alice Rohrwacher ("La Chimera") Luca Guadagnino ("Challengers"), ou Robert Eggers ("Nosferatu").

Texto e imagem reproduzidos do site: filmspot pt

Pelos deuses do analógico! Os projeccionistas regressam ao grande ecrã


Publicado originalmente no site FILMSPOT, de 13 de fevereiro de 2023  

"O Síndrome do Vinagre" por Samuel Andrade

Pelos deuses do analógico! Os projeccionistas regressam ao grande ecrã

A figura do projeccionista de cinema regressa como personagem num conjunto de filmes recentes.

Seja por coincidência, ou pelo espírito de nostalgia analógica de que o "sabor dos tempos" parece infundido, facto é que a produção cinematográfica, internacional e contemporânea, tem dedicado particular tempo de metragem à figura clássica do projeccionista de cinema – ou seja, o responsável pelas bobines de película de 35mm iluminadas por bastões de carbono a arder em arcos voltaicos e a laborar no interior de exíguas cabines.

Não que estejamos perante uma tendência esmagadora, mas, no espaço de sensivelmente dois anos, "Last Film Show" (2021, Pan Nalin), a curta-metragem "Horror Anthology: "The Projectionist" (2021, Daniel Marks), "Pearl" (2022, Ti West), "Império da Luz" (2022, Sam Mendes) ou, de forma mais velada, "Os Fabelmans" (2022, Steven Spielberg) e "Babylon" (2022, Damien Chazelle), apresentam, com maior ou menor relevo para o argumento, um projeccionista como personagem.

Historicamente, na Sétima Arte, o estilo de vida, as especificidades e "manias" profissionais do projeccionista granjearam um variado conjunto de exemplos.

Desde Buster Keaton em "Sherlock Jr." (1924) ao famoso Alfredo de "Cinema Paraíso" (1988, Giuseppe Tornatore), do part-time de Tyler Durden em "Clube de Combate" (1999, David Fincher) a Mélanie Laurent em "Sacanas Sem Lei" (2009, Quentin Tarantino), a títulos mais obscuros – onde projeccionistas são, de facto, os protagonistas – como "The Projectionist" (1970, Harry Hurwitz), "O Círculo do Poder" (1991, Andrey Konchalovskiy) e "Vão-me Buscar Alecrim" (2009, Benny Safdie e Josh Safdie), poder-se-ia quase redigir um livro inteiro sobre a relação entre narrativa cinematográfica e projecção analógica.

Neste particular, a novidade é a proximidade temporal da estreia dos filmes já citados durante os últimos dois anos e a "reciclagem" de temas e pormenores que outras obras dedicaram ao projeccionista de cinema (e, por inerência, aos próprios fundamentos da arte cinematográfica).

A gramática dos 24 fotogramas por segundo e da persistência da visão, a inflamabilidade da película de nitrato, o encanto pueril de uma criança perante a máquina de projecção, o corte/roubo de fotogramas de uma cópia em 35mm, ou o "charme" que, habitualmente, se confere à vivência de quem transporta um filme da celuloide para o ecrã, continuam a ser aspetos de realce.

Não que daí advenha qualquer prejuízo; talvez essa realidade seja apenas outra manifestação (paralela às sequelas e aos reboots da Marvel e DC Comics?) da reciclagem narrativa e temática que tanto apraz à produção cinematográfica.

Na verdade, é impossível não observar "Last Film Show" – centrado na amizade entre uma criança de uma pequena aldeia indiana e o projeccionista do cinema local – como uma versão de "Cinema Paraíso", actualizada para o público do século XXI. Ou que o longo monólogo de Toby Jones, o projeccionista do Empire Cinema em "Império da Luz", sobre a ilusão de óptica subjacente à fruição da imagem em movimento, mais não seja do que o necessário lembrete, junto de novas e futuras gerações, sobre as origens dos fenómenos audiovisuais que ocupam (e ocuparão) os seus quotidianos.

Texto e imagens reproduzidos do site: filmspot pt/artigo

O projecionista ideal (no tempo das revistas)



Publicado originalmente no site FILMSPOT, de 18 de março de 2023  

"O Síndrome do Vinagre" por Samuel Andrade

O projecionista ideal (no tempo das revistas)

Durante o século XX, a projeção de cinema chegou a ter várias publicações que lhe eram inteiramente dedicadas.

Uma das consequências menos propaladas da crise na imprensa é, a meu ver, o "afunilamento" de géneros e temáticas. No caso das revistas, a padronização e as mudanças tecnológicas levaram à extinção de uma enorme quantidade de títulos e ao desaparecimento de um alargado leque de temas que passaram a ser meras lembranças de eras e modelos de sociedade onde o escrutínio jornalístico se envolvia nas mais variadas áreas da atividade humana.

A alma mais curiosa (sobretudo, a que agora redige estas linhas) encontra um bom exemplo disso nas publicações periódicas de há muitas décadas dedicadas ao mister da projeção de cinema, tal como a conhecemos ao longo do século XX. Em concreto, ficaram para a história as revistas 'The Motion Picture Projectionist', 'International Projectionist' e várias páginas da britânica 'The Bioscope'.

Editada em Nova Iorque, entre 1927 e 1933, e de tiragem mensal, a 'The Motion Picture Projectionist' foi pioneira na criação de uma revista direcionada aos profissionais das cabines de projeção dos Estados Unidos da América.

Tratando-se, provavelmente, de uma resposta da indústria à crescente popularidade do cinema naquela época – não por acaso, a sua edição inaugural inclui uma "mensagem aos projecionistas" assinada por Thomas Alva Edison, um dos inventores da câmara de filmar –, assim como pela perceção da figura (e qualidade) do projecionista enquanto elemento diferenciador numa lógica de concorrência comercial, a 'The Motion Picture Projectionist' fomentou, ao longo de 48 números, diversos textos de cariz técnico e tecnológico subjacentes a projeção de cinema.

De 1933 até junho de 1965, também com redação em Nova Iorque, a 'International Projectionist' foi a publicação mais longeva dedicada ao tema. À semelhança da sua antecessora, os artigos exaustivos sobre as especificidades técnicas da profissão ocupam parte substancial da revista; aqui, a principal novidade foi mesmo o apelo "mercantil" que marcas e fabricantes (Kodak, Simplex, Essannay Electric, Motiograph, Philips...) imprimiram às suas páginas, por intermédio de anúncios sui generis em absoluta harmonia com a atmosfera publicitária da sua época.

Do outro lado do Atlântico, a londrina 'The Bioscope' foi, até à última edição, em maio de 1932, uma revista semanal devotada à atualidade, noticiosa e generalista, da Sétima Arte, tendo, a certo momento, reservado espaço para a abordagem ao trabalho do projecionista.

Conforme as suas congéneres norte-americanas, o foco dessa secção (designada "Modern Cinema Technique") recaía sobre considerações técnicas muito específicas, tais como o funcionamento de máquinas de projeção, a utilização dos primeiros dispositivos para filmes sonoros, ou o apropriado manuseamento das propriedades inflamáveis da película de nitrato.

Para os curiosos em consultar estes periódicos, fiquem com a certeza de que encontrarão um infindável conjunto de "jargão" técnico: uma genuína avalanche de artigos subordinados a mecânica, ótica e acústica, a conceitos como inspeção de cópias para projeção, amperagem e geradores elétricos, retificadores, distância focal, hastes de carbono, arcos voltaicos, lâmpadas de xénon e Cruz de Malta, ou esquemas e diagramas de engenharia civil em prol da construção de cabines de projeção.

Ali, encontrará frases tão "insondáveis" como "uma tela iluminada por um arco de 120 amperes não causará o efeito de parecer duas vezes mais brilhante do que uma tela iluminada por um arco de 60 amperes". Em suma, não será exagerado afirmar que, com a literatura publicada nestas revistas, poder-se-ia conceber, de raiz, uma sala de cinema...

Bioscope

Do ponto de vista historiográfico, folhear as várias edições da 'The Motion Picture Projectionist' ou da 'International Projectionist' é, também, observar a evolução da própria arte do cinema.

Consoante a época em consulta, vislumbramos o impacto que o advento do filme sonoro, da película a cores, dos grandes formatos (70mm, CinemaScope, Cinerama...), das primeiras experiências em estéreo, ou do mercado dos cinemas drive-in, conferiram ao quotidiano laboral do projecionista.

Apesar desta quantidade e qualidade de conteúdos técnicos, as revistas sobre projeção de cinema nunca descuraram o lado humano daquele ofício. Em cada número, é possível encontrar referências a boas práticas e segurança de trabalho, classificados de compra e venda de maquinaria de projeção cinematográfica, correspondência enviada para as redações e, de modo particular, a referência à atividade sindical afeta aos projecionistas norte-americanos.

Pelo meio, há ainda a possibilidade de fruir da prosa dos vários articulistas destas publicações, e resgatar, por exemplo, o cariz singelo deste parágrafo escrito por Harry Rubin, supervisor de projecionistas para a cadeia de cinemas Publix Theatres, publicado a janeiro de 1928 na 'The Motion Picture Projectionist':

"Por regra, nós, os projecionistas, não nos consideramos como artesãos. Vendamos a nós mesmos a ideia da nossa própria importância. Somos o espetáculo e, quanto mais cedo acordarmos para esse facto, melhor. Todos ouvimos falar, uma e outra vez, sobre o poder do projecionista para "fazer ou desfazer um espetáculo". E esse ditado é absolutamente verdade; o projecionista tem o trabalho mais importante da sala de espetáculos, seja ela na Broadway, ou na Main Street."

Atualmente, quando a qualidade (ou a sua ausência) na exibição cinematográfica já invoca "textos de desagrado" em sites culturais, recuperar os periódicos citados assinala, também, o (re)encontro com uma época onde o investimento na formação e divulgação técnica do projecionista era encarado como um garante, humano e comercial, para a valorização da experiência do cinema em sala.

Texto e imagens reproduzidos do site: filmspot pt/artigo

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Curta com Aníbal Alencastro é atração na Mostra de Cinema de Tiradentes




Trecho de publicação reproduzido do site PNBONLINE, de 20 de janeiro de 2024

Curta com Aníbal Alencastro é atração na Mostra de Cinema de Tiradentes

Da Redação com Assessoria

Cartógrafo, historiador, artista plástico e projecionista que trabalhou nas principais salas de cinema de rua de Cuiabá na década de 1960 (como o Cine Teatro Cuiabá, Cine São Luiz e Cine Bandeirantes), Aníbal Alencastro é o personagem central do documentário “Paradiso de Aníbal”, dirigido por Diego Baraldi e exibido em praça pública... na Mostra de Cinema de Tiradentes, realizada na histórica cidade mineira.

Aníbal Alencastro

“Paradiso de Aníbal” faz um recorte em torno de memórias do personagem central sobre a época em que trabalhou como cartazista e projecionista em Cuiabá nas décadas de 1950 e 1960, ao mesmo tempo em que enfatiza a relação afetiva que Aníbal estabeleceu com dispositivos e equipamentos de projeção cinematográfica.

Na casa de Alencastro, vemos o personagem em meio a objetos que revelam a paixão de Aníbal pelo cinema. No espaço doméstico ele interage com a esposa Vera Fernandes Alencastro (in memoriam) sobre a época em que ainda eram namorados. O curta também apresenta o personagem em locações como o Cine Teatro Cuiabá e o Museu da Imagem e do Som de Cuiabá (MISC), espaços que tiveram importância central na trajetória de Aníbal. O Cine Teatro Cuiabá mantém-se como única sala de cinema de rua em que Aníbal trabalhou ainda em funcionamento. Já o MISC abriga o acervo de equipamentos cinematográficos doados por Aníbal à instituição.

O curta reúne fragmentos de um passeio com Aníbal por ruas de Cuiabá à bordo de um Ford A 1929 conversível, dirigido pelo colecionador de carros José Antônio Marinho, o Magal. No percurso, Alencastro revisita espaços que abrigaram salas de cinema de rua na cidade. Nesse e em outros momentos do curta, Aníbal relembra do convívio com outros profissionais do circuito da exibição cinematográfica na Cuiabá de meados do século passado, como Odair Jorge Leite, Luiz de França Barros, Bela Tabori, Sebastião Palma, Névio Lotufo e José Mario Amiden.

O documentário é dirigido por Diego Baraldi, programador audiovisual, membro da Rede Cineclubista de Mato Grosso (REC-MT) e professor do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso. Na equipe estão profissionais vinculad@s ou que tiveram passagem (como estudantes, docentes ou técnic@s) pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A trilha sonora foi composta especialmente para o documentário pela musicista e arte-educadora Katy Ribeiro, atualmente radicada no Rio de Janeiro.

Além da presença de Baraldi como representante do curta na Mostra, Mato Grosso conta com a presença da Superintendente de Desenvolvimento da Economia Criativa da SECEL-MT Keiko Okamura no “Fórum de Tiradentes”. O Fórum é espaço de discussões sobre políticas públicas para o audiovisual e tem presença confirmada da Ministra da Cultura Margareth Menezes. Além de representantes de diferentes setores da cadeia do audiovisual brasileiro.

A versão de 20 minutos de “Paradiso de Aníbal” é um dos desdobramentos do projeto “Memórias de Aníbal Alencastro e das antigas salas de cinema de rua de Mato Grosso”, contemplado pelo Edital Conexão Mestres da Cultura Marília Beatriz de Figueiredo Leite (Lei Aldir Blanc/Secel-MT). Mais informações sobre o projeto estão disponíveis no site  e no Instagram @memoriasdeanibalalencastro.

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Sinopse: Aníbal Alencastro trabalhou em diferentes salas de cinema em Mato Grosso nas décadas de 1950 e 1960. No presente, ele se recorda de histórias relacionadas ao ofício de projecionista.

Texto (editado) e imagens reproduzidos do site: pnbonline com br

A primeira mulher projecionista do Cine Passeio


Legenda da foto: Vanessa Cine Passeio Vanessa é a 1ª mulher projecionista do Cine Passeio - (Crédito das fotos: Alessandra Pastuch)

Publicação compartilhada do site BEM PARANÁ, de 9 de janeiro de 2024 

Por Isabelle Gesualdo, especial para o Bem Paraná 

Bastidores da sétima arte: saiba quem é a primeira mulher projecionista do Cine Passeio, em Curitiba

Além de colocar os filmes na telona, Vanessa Borges precisa cuidar de todos os detalhes técnicos durante as sessões

Ao longo dos seus 128 anos de existência, o cinema, considerado a sétima arte, passou por mudanças e adaptações, que vão desde a exibição por meio de imagens em movimento até a projeção digital.

O ofício do projecionista é tão antigo quanto a história do cinema. Contudo, é uma profissão que está em extinção, já que a projeção digital dominou as cabines. Desde o século 19, quando a Kodak criou a película 35 milímetros, as exibições dependiam dos operadores de cabine, que manuseavam as películas nos projetores analógicos.

No entanto, a troca dos projetores analógicos por equipamentos digitais mudou a rotina de trabalho dos projecionistas. Isso porque tornou-se possível automatizar as exibições dos filmes. Assim, apenas um profissional pode programar várias exibições simultaneamente, sem a necessidade de fazer as substituições dos rolos.

Apesar das evoluções tecnológicas, ainda há cinemas que optam por não automatizar totalmente as exibições, mas, sim, deixar com que o trabalho fique à disposição dos projecionistas. Um exemplo é o Cine Passeio de Curitiba, onde trabalha a projecionista Vanessa Borges. A curitibana, de 42 anos, soma três anos de trabalho no Cine, dos quais dois foram de atendimento ao público.

Desde o surgimento desse cinema de rua, em 2019, três projecionistas atuam nas cabines. Quando um deles desligou-se, Vanessa demonstrou interesse na vaga e isto foi suficiente para que ela se tornasse a primeira mulher projecionista do Cine Passeio.

Ela não tinha especialização na área, o que não foi um impedimento, pois não há curso profissionalizante para exercer o ofício. O conhecimento sobre projeção geralmente é repassado dos profissionais veteranos para os novatos.

Antes do atual ofício, Vanessa trabalhou em farmácias e em salão de beleza, mas conquistar a vaga de projecionista foi a realização de um sonho. Nos anos em que trabalhou como atendente do Cine Passeio, almejava atuar nas cabines de exibição. A paixão por filmes iniciou quando ainda era jovem. “Eu sonhava em trabalhar em locadora de filmes, achava um máximo. Agora, estou na projeção. É um sonho que vivo todos os dias”, conta Vanessa.

Os espectadores podem até pensar que o trabalho de quem fica nas cabines se resume apenas à projeção dos filmes. Vanessa, Allan Valach e Luciano dos Santos, que atuam como projecionistas do Cine, precisam estar atentos a todos os detalhes técnicos durante as sessões, como o monitoramento de luz, imagem e som.

Os projecionistas trabalham em oito sessões, das 13 às 22 horas, nas salas Ritz e Luz. Eles põem a mão na massa, administrando os modernos equipamentos para recepção de filmes em formato Digital Cinema Package (DCP). O trio também é responsável por fazer a montagem da playlist, as mudanças de cartazes acontecem sempre às quartas-feiras.

Apesar de o ofício ser ameaçado pela tecnologia, os projecionistas têm um papel essencial na experiência cinematográfica. “Tiram o homem da função, mas a gente permanece. Embora muita gente não saiba que estamos ali por trás”, diz Vanessa.

Cine Passeio

Localizado no Centro de Curitiba, em um prédio onde antes funcionava um quartel do Exército, o Cine Passeio possui uma proposta diferente dos cinemas de shopping, pois resgata a tradição dos cinemas de rua da cidade.

Outra característica do Cine é o atendimento humanizado, por meio do qual a equipe se aproxima dos espectadores, para que eles desfrutem da magia do cinema. O local dispõe de cafeteria, um espaço para cursos na área do audiovisual e cinema a céu aberto.

O Cine Passeio é administrado pela Prefeitura Municipal de Curitiba, a Fundação Cultural de Curitiba e o Instituto Curitiba de Arte e Cultura.

Texto e imagens reproduzidos do site: www bemparana com br

Morreu António Feliciano o último projecionista ambulante do país


Publicação compartilhada do site CANALALENTEJO 22 de Dezembro, 2022

Chegou o fim do “Cinema Paraíso” em Portugal

Por Carlos Papafina 

Morreu António Feliciano o último projecionista ambulante do país.

As sombras de “Cinema Paradiso”, o clássico premiado com um Oscar, correm pela vida de António Feliciano, um enérgico homem de 82 anos, que faleceu na passada terça-feira, conhecido como o “homem dos filmes”, o último projecionista de cinema itinerante em Portugal.

“Se não sou o último, estou perto”, dizia Feliciano. “Este é um legado que vai acabar. Quando eu me for, o cinema itinerante será mencionado em artigos, mas apenas como uma memória.”

Depois de seis décadas e quatro milhões de quilómetros de viagem para projetar quatro mil filmes em aldeias distantes de Portugal, Feliciano ainda não tem planos para se aposentar. Mas está conformado com o fato de que a Internet, a televisão digital e os monopólios na distribuição tornaram o seu ofício obsoleto.

Tal como Toto, o menino que faz amizade com o projecionista Alfredo no filme italiano de 1988, Feliciano também começou muito jovem, na década de 1950, ajudando um projecionista ambulante a anunciar o programa do fim de semana num alto-falante, na sua aldeia do Alentejo rural.

“O bicho do cinema”, ​​como ele lhe chama, cresceu e na adolescência já se tinha feito à estrada, ajudando a projetar filmes em salões de baile e praças de touros. Isso levou a uma carreira que nem a necessidade de ganhar a vida como guarda-livros interrompeu, combinando as semanas passadas num escritório de Lisboa com as projeções ao fim de semana.

A cerca de 200 km de Lisboa, Monforte é uma aldeia típica Alentejo – pitoresca, mas sonolenta, a sua população reduzida a três mil habitantes pelos problemas económicos e pela emigração.

No entanto, num domingo brilhante, a vila anima-se quando Feliciano se prepara para projetar um filme em homenagem a Domingos Peças, um projecionista local, que morreu em 2005 após 50 anos no negócio.

A Última Sessão?

“O nosso entretenimento era o cinema ambulante, não tínhamos mais nada, nem TV, nem rádio, éramos muito pobres”, diz a residente Nazaré Alfaia, 71 anos. “Como não sei ler, não me lembro dos nomes dos filmes, mas eram aventuras, cowboys e cavalos”, acrescenta, cercada por uma coleção de projetores antigos de Feliciano e por cartazes desbotados de westerns e musicais.

Artemisio Peças, o filho do projetista, lembra que “antes do filme, mostravam as notícias e foi no cinema que as pessoas viam Lisboa, as colónias, ou mesmo o mar, pela primeira vez”.

Vestindo um casaco de trabalho azul com a palavra “Cinema”, impressa na parte de trás, Feliciano passa uma hora em preparações e a certo ponto usa um martelo para alinhar o rolo do filme biográfico sobre Amália Rodrigues, a diva do fado.

“Este é um passeio de emoções imprevisíveis, nunca é fácil. O som deve ser bom, a imagem clara, o equipamento protegido para viajar. Sou como um trapezista sem rede”, diz ele.

Mas não se arrepende: “Às vezes sinto que eu sou ‘o cinema’. Numa sessão aqui está a máquina, o ecrã, o público, todos concentrados, juntos, a rir, a chorar. E sem mim nada funciona… Emocionante. “

Feliciano parece mais jovem do que a sua idade e salpica a conversa com anedotas sobre a sua vida quase boémia. A expressão jovial só azeda quando lamenta não conseguir encontrar alguém que continue a tradição. “É uma pena que esta expressão cultural importante se perca e que, quando eu morrer, não haja ninguém para ir de aldeia em aldeia a mostrar um filme.”

António Feliciano como era conhecido, era natural de Sabóia e talvez tenha sido essa realidade de vida no interior do concelho e a sua paixão pela magia do cinema que o levou desde cedo a projetar filmes junto das comunidades locais, deslocando-se aos mais recônditos povoados, para que ninguém deixasse de ter acesso à denominada 7.ª Arte.

Para este grande Homem, que foi o último projecionista ambulante, “a cultura é para todos e deve chegar a todos”, e foi com base nessa máxima e com grande esforço que construiu em Vila Nova de Milfontes a primeira sala de cinema do concelho de Odemira: o Cineteatro GiraSol.

A sua história de vida foi sendo contada com direito a grandes reportagens, documentários como Cães sem Coleira, de Rosa Coutinho Cabral (1997) ou Cinema com Gente Dentro, de Rui Lamy e Diogo Vilhena (2007), até a uma canção da banda Azeitonas “Cinegirasol” com vídeo de animação stop motion.

Em 2016, o Município de Odemira atribuiu-lhe a Medalha Municipal de Mérito em reconhecimento da extraordinária ação em prole da comunidade enquanto agente da cultura, designadamente no cinema, junto da população odemirense, do Alentejo e até do país, ao longo de muitos anos.

Texto e imagens reproduzidos do site: canalalentejo sapo pt