terça-feira, 30 de abril de 2024

No início do cinema em Minas Gerais

Levantamento. Paulo Augusto Gomes passou décadas levantando informações sobre os pioneiros - Foto: Bruno Figueiredo

Pulicação compartilhada do site do Jornal O TEMPO, de 7 de dezembro de 2008 

No início do cinema em MG

Por O Tempo 

No começo dos anos 20, em Pouso Alegre, no Sul de Minas, Francisco de Almeida Fleming inventou um sistema de sonorização de filmes apelidado América Cine Phonema. O invento consistia num rústico gramofone acoplado à tela de exibição que reproduzia sons previamente gravados em sincronia com a imagem. A engenhoca não foi patenteada por Fleming. Poucos anos depois, em 1927, era lançado nos EUA "O Cantor de Jazz", primeiro filme falado da história do cinema - e o sistema utilizado, o Vitaphone, tinha por base o mesmo princípio do equipamento mineiro.

Essa e diversas outras histórias dos primórdios da produção no Estado estão em "Pioneiros do Cinema em Minas Gerais", livro que o pesquisador Paulo Augusto Gomes lança hoje no Palácio das Artes. Fruto de um trabalho de décadas, a publicação traz depoimentos e memórias a respeito da vida e da obra de 13 profissionais que, ainda no início do século XX, dispuseram-se a se aventurar por aquele negócio ainda meio desconhecido chamado câmera de filmar. "Minas foi onde brotou o maior número de pólos de realização naquele período. E um praticamente ignorava a existência do outro", conta Paulo Augusto. "A comunicação era precária, e vários deles acreditavam estar abrindo portas. Humberto Mauro, em Cataguases, chegou a me dizer: ‘Por um certo tempo, pensamos que éramos os primeiros a mexer com cinema por aqui’."

Mauro é o mais conhecido dentre os pioneiros levantados pelo autor. Outros, como Manuel Talon, chegam a ser misteriosos até mesmo para Paulo Augusto - a ponto de não se saber com precisão onde ele nasceu, se na Argentina ou na Espanha. O que mais caracteriza os pioneiros é o fato de vários serem estrangeiros ou de terem parentes vindos de fora do Brasil. "As famílias tradicionais, especialmente em Minas, não enxergavam o cinema com bons olhos. Era uma atividade desprezada e considerada coisa de vagabundo. Isso abriu espaço para os imigrantes, que eram pessoas operosas, inventivas e esforçadas.

Mesmo Humberto Mauro, nascido em Volta Grande e radicado em Cataguases, era filho de italiano e se aliou na profissão a Pedro Comello, também do país europeu. Outros como Paulo Benedetti, Igino Bonfioli, Carlos Masotti (italianos) e José Silva (português) se mudaram para o Brasil em busca de melhores perspectivas. Mas, claro, havia também os mineiros de natureza - Aristides Junqueira (Ouro Preto), Fleming (Ouro Fino), João Carriço (Juiz de Fora).

A maioria deles se concentrou na então pequena capital Belo Horizonte. A atividade principal era a produção de projetos particulares, como comerciais e cinejornais. Em pólos como os de Barbacena, Guaranésia, Cataguases e Pouso Alegre, as realizações de longas-metragens de ficção eram verdadeiros acontecimentos. "Existia uma certa inocência entre todos os pioneiros que os permitia tomar ações hoje inconcebíveis", exalta Paulo Augusto. "O Almeida Fleming, por exemplo, pretendia filmar a história de uma guerra em Madagascar tendo um cenário repleto de palmeiras. Em Pouso Alegre não havia palmeiras, então ele viajou mais de 200 quilômetros até encontrá-las. Arrancou-as e as plantou no lugar onde queria as cenas."

Pouca coisa da produção do período foi preservada, até mesmo porque os cineastas não tinham a noção de estar criando algo que pudesse ser perpetuado. Paulo Augusto afirma que a chegada do cinema sonoro provocou a derrocada de quase todos os diretores e produtores de Minas. "A instalação de um laboratório de som era muito cara. Apenas Rio e São Paulo, onde a produção brasileira se concentrava, justificavam economicamente esse tipo de negócio. Houve quase total paralisação dos serviços de cinema no Estado, tanto que o primeiro longa falado feito em Minas é de 1950, mais de duas décadas depois da chegada de ‘O Cantor de Jazz’ nos EUA."

Agenda

O que: Lançamento do livro "Pioneiros do Cinema em Minas Gerais", de Paulo Augusto Gomes (Ed. Crisálida, 183 págs, R$ 39)

Quando: Hoje, a partir das 19h

Onde: Livraria do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1537, Centro)

Texto e imagem reproduzidos do site: www otempo com br

segunda-feira, 22 de abril de 2024

'Memórias de Cinemas', por Marco Antonio Moreira

Artigo compartilhado do site da Faculdade de Artes Visuais, de 5 setembro 2022

Memórias de Cinemas
Por Marco Antonio Moreira *

Houve uma época em que se ponderava que todas as coisas boas em nossas vidas eram para sempre, como escreveram vários poetas. Mas o “para sempre” sempre finda. No Cinema, existiu um lindo período em que a sua magia era um dos elementos principais de um ritual encantador que iniciava quando você saía da sua casa, chegava à frente de uma sala de cinema de rua, ficava na fila para comprar ingresso na bilheteria, esperava na fila da portaria para entrar na sala de projeção e, finalmente, entrava na sala de exibição para assistir a um filme. Ao entrar, a visão encantadora da tela do cinema confirmava que o ritual mágico estava prestes a começar. Olhar para a tela do cinema antes mesmo do filme começar, sem as imagens em movimento, já era estimulante. Pois sabia-Enquanto a sessão de cinema não iniciava, era inevitável apreciar a tela, as poltronas e, especialmente, a cabine de projeção, pois era dali que o filme “nasceria” - e muitas vezes nos acompanharia pelo resto de nossas vidas. A ansiedade era grande pelo início da sessão e o desejo de vivenciar novas histórias e personagens era imenso. E, de repente, era chegada a hora! Em alguns cinemas, a cortina da tela de cinema se abria, as luzes da sala de exibição eram desligadas e pronto: chegou o CINEMA. Antes, isso tudo acontecia sem participação dos celulares e equipamentos eletrônicos hoje tão presentes na vida da maioria dos espectadores de maneira essencial, lembrando a todo tempo que estes são outros tempos. E, de alguma maneira, o ritual do cinema também precisou mudar.

A era do Cinema até meados dos anos 2000 foi regida pela película cinematográfica. A invenção do cinematógrafo em 1896 pelos irmãos Lumiére teve como uma de suas fontes inspiradoras a fotografia. E dessa inspiração, a cada 24 quadros por segundo, surgiram as imagens em movimento. Este período foi encantador para diversas gerações que descobriram e se redescobriram no Cinema. Neste quadro de memórias, é importante preservar os símbolos que fizeram parte desta história, como por exemplo os equipamentos de projeção cinematográficos. Em tempos modernos, conservar os equipamentos cinematográficos tem um simbolismo intenso de respeito ao passado cinematográfico daqueles que fizeram, exibiram e assistiram filmes em película.

Em tempos de pouca valorização das memórias, é fundamental lembrar de onde o cinema começou para refletir sobre seus caminhos no futuro. E, para lembrar, é preciso ter referências de memórias não para se prender às gerações vividas, mas sim para que outras gerações de espectadores possam enxergar a transformação do cinema e a forma que o modo de fazer e assistir filmes ao longo dos tempos se transformou. Compartilhar estes símbolos é mantê-los vivos, significativos, representativos de um passado que pode inspirar novas cinefilias e atitudes dos novos espectadores.

Preservar símbolos de uma era do cinema em que cinéfilos desenvolveram seu amor e seus questionamentos sobre os caminhos do cinema é um ato de resistência da cultura contemporânea que conquista corações e mentes apaixonados por cinema. Desse modo, as distâncias entre passado e presente serão mínimas e poderão gerar um estado de alerta permanente sobre futuras histórias e memórias da transformação técnica, estética e artística da nossa tão amada sétima arte.

Sou de uma geração encantada pelos cinemas de rua, que testemunhou e experimentou as mudanças tecnológicas de projeção e som. E entendo que saber destas e outras histórias da cultura cinematográfica ajuda a formar o senso crítico de que toda memória é uma construção que surge de ações e atitudes em diversos campos de criação. Afinal, a transformação estética do cinema está vinculada à sua transformação técnica, notável por demonstrar que cada aprimoramento da imagem e do som foi um sinal de mudança por si só.

Atualmente, os projetores de película podem ser vistos de modo reducionista, sem valor, sem função. Mas sem eles, sem este início, não haveria espaços de criação artística para aprimorar as imagens em movimento. Estas memórias não podem ser sufocadas pelo tempo. A prova material destes históricos equipamentos de projeção de filmes em exposição na Faculdade de Áudio Visual (FAV) da Universidade Federal do Pará (UFPA), doados pelos proprietários dos Cinemas 1 e 2 (inaugurados em 1978) e grupo Moviecom Cinemas (inaugurados nos anos 2000) estimula interpretações e reinterpretações de um passado que deve servir de referência para evitar o esquecimento da história do cinema e gerar novos e outros modos de legitimar uma trajetória que não para de nascer, renascer, inventar, reinventar histórias e memórias vinculadas ao cinema.

Evidenciar tempos históricos das ações culturais é vital para contar a história daqueles que se dedicaram a colaborar com o cinema e sua dialética como arte em construção. É preciso ativar, provocar, estimular ações e interações por meio de exposições de relíquias do cinema para que as pessoas desenvolvam senso de memória pessoal e coletiva e consigam interagir de maneira mais próxima com seu tempo histórico e ser agentes e guardiões de seu tempo-presente e seu tempo-futuro.

Temos muitas histórias para contar, guardar e transmitir para todos que gostam de cinema em nossa cidade e nosso estado. E muitas destas histórias foram registradas pelo nosso mestre e pesquisador Pedro Veriano, que em suas obras literárias sempre defendeu que precisamos conhecer mais sobre os causos do cinema que aconteceram em Belém - passando pelas visitas e trabalhos de pioneiros de produção e direção, pelas construções das salas de cinema em décadas diferentes, pelos nossos cineastas, pelos filmes exibidos e pelas mudanças estéticas e tecnológicas que chegaram nas últimas décadas por meio das salas modernas de exibição.

Estes equipamentos cinematográficos que estão expostos na Faculdade de Artes Visuais da UFPA têm um grande simbolismo histórico de exibição de filmes em salas de cinema dos anos 1970 aos 2000. Espero que sua presença neste espaço seja considerado por todos uma bela homenagem aos vários tipos de filmes que foram exibidos através deles, que representam a intensa grandeza do Cinema como uma arte cada vez sempre relevante para todos nós!

* Marco Antonio Moreira é Doutor em Artes (PPGARTES/ UFPA). Atua como presidente da  Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA) e coordenador geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC).

Texto e imagem reproduzidos do site: fav ufpa br/index php

sábado, 20 de abril de 2024

Filme em película de 70mm. > "DUNE Parte 2"












A película em 70mm está na casa! Montamos a película de DUNE Parte 2 esta manhã, que está em condições incríveis graças ao cuidado tomado pela equipe de projeção em Picturehouse Central .

Devido à proporção não padrão, tivemos de trocar para uma lente de comprimento focal mais curta e arquivar uma placa de abertura nova, mas agora parece e soa deslumbrante!

Somos o ÚNICO cinema na Inglaterra, fora de Londres a exibir este filme incrível de alta definição de 70mm. A película vai estar connosco por um tempo limitado, pois os nossos amigos da The Prince Charles Cinema em Londres têm-na reservada em Maio.

Como de costume, haverá a oportunidade de visitar a cabine de projeção depois do filme.

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Parkway Cinema Barnsley

sábado, 13 de abril de 2024

Cinema do diretor Tarantino (novo cinema "Vista Hollywood")



Tarantino exibe "Napoleon" em 70 mm no seu novo cinema "Vista Hollywood", reaberto no mês passado, para filmes de 35 mm e 70 mm (com projetor duplo). A outra sala da sua propriedade, a "New Beverly", manterá a programação em 35 mm e 16 mm.

Post compartilhado do perfil no Facebook/Ignacio Benedeti Corzo, de 11 de dezembro de 2023. 

segunda-feira, 1 de abril de 2024

terça-feira, 12 de março de 2024

Você sabe o que faz um projecionista?



Fotos: Cido Marques/SMCS.

Publicado originalmente no site BANDAB, em 07 de março de 2024

Você sabe o que faz um projecionista? Conheça uma das únicas mulheres que atuam na área em Curitiba

Ela é a primeira mulher do cinema de rua mais amado da capital a ocupar o cargo de projecionista

Por Redação 

Você já parou para pensar como funciona por trás das telonas do cinema? Como é exibido o filme e qual o controle de qualidade que é necessário ter para que tudo saia como o planejado? No Cine Passeio, em Curitiba, uma das poucas mulheres à frente dessa área, que sempre está nos bastidores, é Vanessa Borges de Lima. Ela é a primeira mulher do cinema de rua mais amado da capital a ocupar o cargo de projecionista. 

A curitibana, de 42 anos, é uma das poucas mulheres na cidade que comandam cabines de projeção nas salas de cinema, uma função historicamente realizada por homens. Apesar da predominância masculina na área, Vanessa não hesitou quando apareceu a oportunidade de trabalhar nesta função no Cine Passeio. 

“Desde a época das locadoras eu já era louca por filmes e quando apareceu essa oportunidade de entrar no ramo eu caí de cabeça, com medo, mas fui” comentou Vanessa.

Antes de chegar às cabines, a projecionista já havia começado a trilhar seu sonho de trabalhar com filmes no andar de baixo, abrindo as portas para receber o público que entra nas salas do Cine Passeio. A possibilidade de trabalhar com projeção surgiu depois de dois anos como funcionária do Cine Passeio. Sua determinação, bom humor e coragem para mergulhar em uma área até então desconhecida foram decisivos para ser contratada. 

Neste ano, Vanessa completa um ano na nova carreira e comenta com muita alegria todas as atividades que realiza para entregar a melhor qualidade de filmes para o público.

“Para os apaixonados, os mínimos detalhes fazem diferença, por isso sempre deixamos tudo cem por cento bonitinho, preparamos o filme que chega em um HD, conferimos a legenda, o volume, a imagem” conta. 

Além de Vanessa, outros dois projecionistas também trabalham no Cine Passeio e juntos eles passam às próximas gerações os conhecimentos da arte de projetar nas telonas, profissão que não possui curso de formação. A projecionista diz ter orgulho de fazer parte dessa categoria profissional.

“Não entrei aqui para bater de frente com ninguém, apenas quero meu espaço e mostrar que sou capaz, sendo mulher ou não. Meu próximo sonho é estar por trás das câmeras de verdade, vamos ver até onde eu consigo chegar” declara.  

 Texto e imagens reproduzidos do site: www bandab com br

domingo, 10 de março de 2024

domingo, 3 de março de 2024

Documentário > 'O Homem da Cabine' (2008)

Publicação compartilhada do site APOSTILA DE CINEMA

Sinopse: Entre o claro e o escuro das salas de projeção, existe um profissional pouco conhecido da platéia de cinema: o projecionista. A partir do microcosmo de uma sala de projeção, o documentário faz um registro da rotina desses trabalhadores, que possuem uma longa e solitária jornada de trabalho.

Direção: Cristiano Burlan

Título Original: O Homem da Cabine (2008)

Gênero: Documentário

Duração: 1h 30min

País: Brasil

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O Artista Invisível

“O Homem da Cabine“, parte da programação da Mostra Cinemas do Brasil, surge para lembrar que o tempo é inapelável com aqueles que entendem os movimentos da sociedade em direção a uma mudança lenta e gradual. Talvez por isso, há muito, o conceito de conservadorismo se vinculou de forma quase nociva a outras correntes de pensamento que veem a arte como inimiga. Porém, antes de tomar outros rumos, vamos seguir a proposta pelo cineasta Cristiano Burlan em sua obra, lançada originalmente em 2008.

O documentário traz um grupo de depoimentos de projecionistas da cidade de São Paulo. De formatação tradicional e optando por ser um longa-metragem, não há aqui uma busca por dinamismos ou maneirismos – e sim o puro registro de histórias. A pluralidade de documentados garante um ritmo agradável ao filme. Uma multiplicidade de gerações e origens se encontram. Do homem de meia-idade que migra de Alagoas para o Sudeste e encontra no cinema uma oportunidade de emprego formal até o senhor que não esconde que seguiu a profissão para transportar o amor pela sétima arte para sua rotina.

O que chama a atenção, entretanto, é que o cineasta se encontra em um momento único na trajetória das salas de cinema do país. O espaço dos exibidores de rua, fora de shoppings e centro comerciais, há muito estava decadente. Ocorre que a sentença final estava prestes a chegar, com a digitalização das projeções. “O Homem da Cabine” chega em uma fase transitória, em que rolos de filme em 35mm dividiam espaço com os arquivos. Uma tecnologia ainda em desenvolvimento, que trazia alguns problemas que – rapidamente – foram solucionados. Muitas salas não resistiriam à necessidade de adaptação ao digital e morreriam de vez.

Antes que isso se tornasse verdade, há aqui uma busca pelo futuro da projecionista. É quando a relação com a sociedade, que tanto mudou na década que se seguiu, grita na obra. Apenas um homem, que relutou em aceitar o trabalho como projecionista no cinema gerenciado pelo irmão, chama a atenção para um fato: a precarização da atividade. Vindo do setor industrial, ele mudou de ofício perto dos quarenta anos, já que o trabalho de fábrica seria muito pesado. Ele não diz, mas provavelmente sua consciência se desenvolve da natural associação sindical do setor. Enquanto isso, todos os outros apostam no exercício de futurologia.

Alguns entendiam que encontraríamos um parque exibidor híbrido por mais algumas décadas – o que se mostrou equivocado. O digital pulverizou a película e com ela as condições insalubres de trabalho daqueles profissionais. Burlan concede um tempo para que eles dividam essas questões empregatícias, como a impossibilidade de sair da sala de projeção durante o filme e as extensas jornadas de trabalho no auge das salas de rua, com suas sessões que, nos finais de semana, eram quase ininterruptas. O barulho ensurdecedor e a forte exposição à luz também são apontadas, mas isso é algo que o espectador de “O Homem da Cabine” percebe os reflexos na parte final, quando eles dizem seus nomes e idades.

Todos parecem mais velhos e cansados do que dizem em sua identificação. O documentário nos lembra que, por trás da diversão, há muito trabalho. Se o projecionista hoje é um ofício bem menos penoso (será?), há no ramo da cultura muitas pessoas que insistimos em não enxergar quando estamos em um ambiente que escolhemos para esquecer nossos problemas. Em certo momento, um deles fala da importância da sua função para uma boa experiência na sessão. O controle de volume, as trocas imperceptíveis, a manutenção do foco. De certa maneira, eles também são artistas daquele espetáculo. Porém, invisíveis.

O documentário não é apenas debate social sobre aquele grupo de trabalhadores – mas, que bom, também o é. A montagem é bem generosa com os depoentes e aprofunda em suas relações sentimentais com o cinema. De Ettore Scola a Ingmar Bergman, todos eles têm seus preferidos. Mas, parece que “Gosto de Cereja” (1997) – lançado dez anos antes daquelas entrevistas – pegou alguns de jeito. Talvez porque eles estejam ali se confrontando com a própria morte da ideia que eles carregam e o filme de Burlan é o agente que não tem coragem de dar o tiro de misericórdia.

Como aquele senhor, que veio da fábrica, bem fala: nossa atividade não acabará, pelo contrário, aumentará a exploração. Com a desculpa de que “é só dar o play“, hoje um profissional da área, sem dúvida, deve viver bem mais sobrecarregado do que antes. A precarização do trabalho chegou para todos e o mercado encontra suas desculpas para te convencer de que está tudo bem. O cinema continua apaixonante, mas os jovens projecionistas dificilmente não tratarão seu ofício com o mesmo entusiasmo que os protagonistas de “O Homem da Cabine“. Pouco tempo se passou, mas a sociedade hoje é bem mais fria e individualista – na medida para que essa precarização passe desapercebida por nós.

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* Jorge Cruz Jr. é crítico de cinema e editor-chefe da plataforma Apostila de Cinema.

Texto e imagem reproduzidos do site: apostiladecinema com br

Quem é projecionista e o que ele faz?


Artigo compartilhado do site FASHION

Quem é projecionista e o que ele faz?

O clima na sala de cinema e o estado de espírito do público durante a exibição do filme dependem em grande medida da experiência e profissionalismo dos especialistas responsáveis ​​pela operação dos equipamentos de som e audiovisual - os projecionistas. Freqüentemente, os representantes dessa difícil profissão precisam servir sozinhos a vários cinemas ao mesmo tempo. Vamos ver mais de perto quem é o projecionista, o que ele faz, que conhecimentos e habilidades ele deve possuir, quanto ganham os representantes dessa profissão.

Descrição da profissão

Projecionista - um especialista técnico que controla a operacionalidade e o funcionamento ininterrupto do equipamento audiovisual e de som durante a demonstração da imagem na sala de cinema. Um representante desta profissão é responsável não só pelo estado do equipamento cinematográfico, mas também pela qualidade da exibição do filme. Fornecer exibição de filmes de alta qualidade é a principal responsabilidade funcional do projecionista. Em termos simples, este especialista é responsável pelo brilho, contraste e reprodução de cores da imagem, bem como pelo volume e clareza do som na sala.

De facto, todo o trabalho do projeccionista visa garantir que cada espectador sentado na sala de cinema desfrute da imagem, da plenitude das suas cores e da riqueza do som.

Em um esforço para garantir a exibição da mais alta qualidade de filmes, técnicas o especialista é obrigado monitorar simultaneamente o estado do equipamento que lhe foi confiado. Por exemplo, um aumento repentino no volume do som pode levar a um aumento acentuado na pressão do som no cinema.Isso não só causará sentimentos extremamente desconfortáveis ​​para o público, mas também criará sobrecargas críticas na operação de equipamentos acústicos que podem desativá-lo. O trabalho de um projecionista está inextricavelmente ligado com a implementação de um grande número de monótonas funções.

Ao mesmo tempo, não pode ser atribuído a tipos de profissões chatas e rotineiras. Homens que são capazes de multitarefa, são bem versados ​​na tecnologia do cinema moderno e os princípios de seu trabalho costumam vir para o campo desta atividade. As mulheres raramente escolhem esta profissão devido a requisitos bastante rígidos de conhecimento profissional e condições de trabalho específicas.

Deve-se destacar que os mecânicos do cinema são pessoas financeiramente responsáveis. Isto significa que se o desempenho impróprio das funções laborais provocar a avaria do equipamento confiado ao especialista, este terá de indemnizar as perdas do cinema à custa dos seus fundos pessoais. O nível de conhecimentos e habilidades profissionais do projecionista deve permitir-lhe realizar não só a instalação e ajuste do equipamento, mas também a sua reparação. Além disso, em caso de força maior, é frequente o representante da profissão descrita ter de reparar o equipamento de imediato, num período de tempo extremamente curto.

O trabalho de um projecionista requer uma pessoa a presença não apenas de estreito conhecimento profissional, mas também de boa memória, resistência ao estresse, resistência física e moral.

Além disso, a regular modernização dos equipamentos de cinema, o surgimento de equipamentos cada vez mais potentes e de alta tecnologia, exige que um especialista esteja pronto para a melhoria contínua do conhecimento profissional e expansão de horizontes.

História

Antes da era digital, os projecionistas trabalhavam com projetores de filmes volumosos. Seu serviço requer de especialistas não apenas habilidade e reação extremamente rápida, mas também alta resistência física.

Uma das principais tarefas os projecionistas que trabalhavam com esse equipamento iam enchendo o filme em projetores, dos quais havia pelo menos dois em uma sala de cinema. Na era do cinema pré-digital, o filme era armazenado em bobinas grandes e massivas. O peso de um desses porta-aviões poderia chegar a 40 quilos, o que exigia notável força física e resistência dos projecionistas da época. Ao mesmo tempo, um rolo geralmente continha de 300 a 600 metros de filme, o que correspondia a apenas 10 a 20 minutos da duração de um filme.

As funções do projecionista incluíam substituição oportuna de bobinas por filme com a menor pausa entre os episódios do filme. Um sinal da maior habilidade de um especialista era considerado invisível para o espectador, uma transição suave de uma parte do filme para outra. No caso de uma quebra repentina do filme, o técnico tinha que consertar o problema com urgência, restaurando a exibição da imagem em alguns minutos. A profissão de projecionista que trabalha com projetores de filmes exige de uma pessoa não apenas uma força física impressionante, mas também uma saúde excelente. Os representantes dessa complexa profissão, de plantão, muitas vezes tinham que entrar em contato com filmes tratados com compostos químicos especiais que podiam causar reações alérgicas e doenças respiratórias.

Como em nossos dias, na era pré-digital, os projecionistas trabalhavam em turnos. No entanto, a duração de um turno de trabalho de um especialista era de pelo menos 12-14 horas. A maior carga de trabalho dos projecionistas surgiu durante o período de estreia, quando os espectadores eram atraídos para os cinemas em um fluxo interminável.

É importante notar que, apesar de todas as dificuldades específicas de suas atividades, os projecionistas não ganhavam mais do que outros representantes de profissões de colarinho azul.

Os cinemas modernos usam tecnologia de cinema digital. Um projetor de cinema digital demonstra uma imagem não de uma mídia cinematográfica, mas de servidores de vídeo.O dispositivo e o princípio de operação de tal equipamento são radicalmente diferentes dos projetores de filme, portanto, o equipamento de cinema digital é geralmente classificado como uma classe de tecnologia separada e independente. Durante a exibição do filme, o projetor digital recebe informações do servidor de vídeo, que descompacta o filme do disco rígido. Problema do Projecionista - para fornecer reprodução contínua do filme, mantendo imagens e som de alta qualidade.

Com o advento do equipamento digital, a carga de trabalho dos projecionistas que fazem a manutenção do equipamento inteligente caiu significativamente. As tecnologias digitais modernas permitem que um especialista controle e gerencie as exibições em 10-15 cinemas ao mesmo tempo... Além disso, um projecionista moderno executa todas as ações necessárias a partir de uma pequena sala com um servidor de vídeo instalado.

Agências de recrutamento acreditam que as modernas É desejável que o projecionista conheça os princípios de funcionamento não só do equipamento digital, mas também do cinema cinematográfico. Essa exigência se deve em grande parte ao fato de que, após o surgimento nítido das tecnologias digitais no cinema, nem todos os representantes da indústria foram rápidos em abandonar os projetores de filme de alta qualidade. Por exemplo, nos Estados Unidos, cerca de 10% dos cinemas ainda usam esse tipo de equipamento. Na Rússia, o número de salas onde tipos de projetores de filme são usados ​​é muito maior.

Responsabilidades

Descrição do trabalho de projecionista cobre uma ampla gama de responsabilidades, a principal das quais é a exibição de filmes de alta qualidade. Um representante desta profissão se reporta a um engenheiro ou administrador de cinema em seu trabalho. A demonstração de filmes não é a única responsabilidade funcional do projecionista.

Além de realizar esta tarefa, ele também deve realizar o seguinte:

realizar a manutenção regular do equipamento de cinema e seu exame preventivo;

realizar uma verificação abrangente, ajuste, ajuste e reparo de projetores de filme, equipamento de som, equipamento de sincronização, dispositivos de fonte de alimentação;

realizar trabalhos de instalação e substituição de equipamentos de cinema;

efectuar inspecções técnicas e testes de novos tipos de equipamentos de cinema, bem como de equipamentos que tenham sofrido grandes reparações.

Além disso, a função de projecionista prevê o cumprimento estrito dos regulamentos internos e das precauções de segurança. Este especialista também é responsável pelo cumprimento das normas de segurança contra incêndio.

Requisitos

A lista de requisitos para os candidatos ao cargo descrito é desenvolvida pela direção do cinema ou por representantes do departamento de pessoal. Normalmente de candidatos a emprego não é apenas necessário um alto nível de conhecimento e habilidades profissionais, mas também a presença de certas qualidades pessoais.

Qualidades pessoais

Uma das qualidades pessoais importantes que um projecionista deve ter é tolerância ao estresse... O calendário de exibições e estreias de filmes é muito instável e flexível, o que exige que um especialista esteja preparado para horários irregulares de trabalho. Os horários de maior movimento são geralmente nos finais de semana e feriados. Alguns cinemas abrem à noite. As observações mostram que nem todos os candidatos ao cargo de projecionista estão satisfeitos com tal horário de trabalho.

Uma característica específica desta profissão é o que fornece trabalhe em ambientes internos sem luz natural e ar fresco. Por esse motivo, os empregadores muitas vezes exigem que os candidatos estejam pessoalmente preparados para trabalhar em condições restritas e nem sempre confortáveis. O projecionista deve ser profundo pessoa responsável e executiva. Na verdade, não apenas a facilidade de manutenção de equipamentos caros, mas também o humor de várias centenas de pessoas sentadas no corredor depende da qualidade de seu trabalho e profissionalismo.Nesta profissão, a negligência com os deveres e o desrespeito às regras da ordem interna não são permitidos.

Calma e discrição são outras qualidades pessoais importantes que um projecionista deve ter. Mau funcionamento repentino do equipamento, picos de energia - essas e outras circunstâncias de força maior não devem causar pânico em um especialista. Boa memória É uma das vantagens competitivas que muitas vezes torna o candidato o principal candidato ao cargo de projecionista. Nos primeiros dias de trabalho, um especialista terá que enfrentar um fluxo colossal de informações que precisa ser memorizado.

Pode estar relacionado com os princípios e a sequência de operação do equipamento, a localização do equipamento principal e auxiliar e outras nuances específicas. Muitos empregadores acolhem com agrado o interesse genuíno dos candidatos a emprego pela cinematografia e áreas afins da atividade humana. Saber a lista de estreias e novos filmes será uma vantagem adicional para o candidato.

Conhecimento e habilidades

O Profstandard apresenta a seguinte lista de requisitos básicos para o conhecimento profissional e as habilidades de um projecionista:

conhecimento do dispositivo, princípios de operação, ajuste e reparo de projeção de filmes e equipamentos de som;

conhecimento do dispositivo e princípios de operação de um projetor de cinema digital;

conhecimento da estrutura e princípios dos servidores de vídeo;

a capacidade de trabalhar com mídia digital e cinematográfica.

Este especialista deveria ser capaz de carregar dados digitais de forma independente para o servidor de vídeo no formato DCP, bem como carregar e usar chaves eletrônicas para abrir esses arquivos. Ele deve ser capaz de ajustar independentemente a intensidade da luz, som e outras opções do projetor de cinema na ausência de um modo de configuração automático. Projecionista moderno deve ser um usuário de PC confiante que possa trabalhar com mídia de armazenamento digital.

Se necessário, esse especialista deve ser capaz de eliminar de forma independente os erros que surgem ao trabalhar com um servidor de vídeo, um computador e software profissional.

Ensino e perspectivas

Você pode fazer um treinamento e aprender todos os segredos de trabalhar como projecionista em Instituto Estatal Russo de Cinematografia. S. A. Gerasimova (Moscou). A duração do estudo na universidade é de 4 anos. Nas regiões, esta profissão é ensinada em instituições de ensino secundário especializado - colégios e escolas técnicas.

Você pode dominar esta especialidade em especializado cursos... Para ingressar nos cursos, é necessário ter formação técnica de nível médio especializado. Esta profissão proporciona um ligeiro crescimento na carreira. Com o tempo, um projecionista trainee pode se tornar um projecionista sênior. No total, são 3 categorias de trabalho neste ramo de atividade.

O salário

Nos cinemas da capital os projecionistas ganham cerca de 30-40 mil rublos por mês. Em São Petersburgo os salários dos especialistas variam de 25 a 35 mil rublos. Nas regiões os representantes desta profissão ganham de 17 a 20 mil rublos por mês.

Texto e imagens reproduzidos do site fashion-pt decorexpro com